Faço aqui a minha homenagem, via Canetadas, aos 132 anos da minha Terra Pesqueira, sem obedecer nenhuma cronologia, melhor dizendo respondo à pergunta que se estabelece a partir do status do meu Facebook, que assim se posiciona:
No que você está pensando?
Respondo: Estou pensando no aniversário da minha Pesqueira (PE), da nossa Pesqueira, neste dia 20 de abril de 2012. São 132 anos de lutas mil e muitas conquistas. Hoje, também de sofrimentos mil, porque os atuais gestores não cuidam da Cidade.
Pesqueira vem de 20 de abril de 1880, quando o então “Poço Pesqueiro”, pequena fazenda, mais tarde povoado, mais tarde, ainda, vila, idealizado e criado pelo Capitão Mor Manuel José de Siqueira, mais tarde uma vilazinha, sendo elevada a categoria de Cidade, inicialmente com o nome de “Santa Águeda de Pesqueira”, depois de Pesqueira.
Mas aqui deve ser dito, antes, terras ocupadas pelos índios Xucurus, desde o século XVI. Foi no início da segunda metade daquele século (1660) quando os Xucurus, para defender as suas terras, as suas águas, as suas florestas, entraram em conflito com os colonizadores, mais tarde com fazendeiros e políticos, usando de todos os recursos disponíveis, desde a crença na natureza sagrada, passando pelos rituais religiosos, evidenciando a dança do toré, até a luta armada, com seus arcos e flechas. É uma história comovente e cheia de emoções até a morte do Cacique Chicão, o grande guerreiro dos povos Xucurus. Com sua morte, o seu filho Marcos, carinhosamente tratado por Cacique Marquinhos, assumiu a liderança dos Povos Xucurus, até os dias de hoje. Os índios Xucurus voltaram a dominar a Serra do Ororubá, distribuídos em 24 aldeias, com uma população superior a 9.000 índios, em razão de sua homologada em 2001, pelo governo federal, ocupando assim uma área de 27.555 hectares.
A retomada das terras indíginas se constituiu na grande vitória de Cacique Xicão e do seu povo, antes invadidas por fazendeiros e políticos, os quais expulsavam os nativos de suas terras e as registravam em cartório, de “reconhecida fé pública”. Com o aldeamento elevado a categoria de Vila, passando a ser denominada de Vila de Cimbres em 1762, se deu um importante passo para o seu desenvolvimento, com a instalação do Senado, com jurisidição em ampla extenção de terras, chegando a Estados vizinhos de Pernambuco. Para mim, a então “mui nobre e real” (expressão do Dr. (Luiz Wilson, em Ararobá Lendária e Eterna) - Vila de Cimbres deveria sediar um Museu, no prédio do Senado, para preservação da nossa história de origem, tornando-se aquele edifício, mesmo que pequeno, em uma espécie de “livro de cal e pedra”, em cujas paredes ecoam, ainda hoje, as vozes dos desbravadores da nossa cultura.
Com a fundação de Pesqueira, a 20 de abril de 1880, em razão da visão de futuro do Capitão Mor Manoel José de Siqueira, a Vila de Cimbres passou a ser distrito do Município de Pesqueira. A partir daí, Pesqueira, a passos largos, crescia e crescia. Um desenvovimento rápido e nunca visto na história de Pernambuco. A compra e venda do couro era uma das atividades mais lucrativas. O comércio se expandia, com suas lojinhas de peles, perfumarias, chapéus, tecidos, e iguarias mil, etc.
Mais tarde chegavam as indústiras (Peixe, Rosa, Tigre, Latícinios, etc.), expandindo, ainda mais, o comércio, a pecuária, a agricultura (dominada pela cultura do tomate, da goiaba, do algodão, do café, entre outras). Pesqueira crescia e bem crescia!
Tanto assim que tradicionais famílias do Brejo da Madre de Deus vieram para Pesqueira, a exemplo dos Didier (Fábrica Rosa) e dos Araújo (Casa José Araújo), outros mais.
Com a instalação das fábricas, crescia a oportunidade de empregos, o que atraia famílias de todas as partes do Estado e de Estados vizinhos. Pesqueira crescia e crescia!
Outro fato importante: Em 11 de dezembro de 1905, foi proclamado para o cardinalato pelo papa Pio X, o então menino Joaquim Arcoverde Albuquerque Cavalcanti, nascido a 17 de janeiro de 1850, na então “mui nobre e real Vila de Cimbres”, sendo o primeiro do Brasil e da América Latina, passando a ser conhecido, carinhosamente, por Cardeal Arcoverde.
Aqui deve ser lembrado, também, que a construção do Convento dos Franciscanos de Pesqueira (1901/1902) mais tarde da monumental igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Bairro do Prado, deram seguimento ao marco da religiosidade, especialmente do catolicismo, iniciado com da Igrejinha de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Mais tarde a Diocese vem de Floresta dos Navios, trazendo o seu bispo dom José de Oliveira Lopes, o primeiro chefe da igreja católica de Pesqueira. Depois a Catedral, a Igrejinha do Colégio das Freiras, do Seminário São José, de São Sebastião, do Hospital, da Pitanga, etc, completavam esse sentimento de fé cristã. Pesqueira crescia e crescia!
No setor educacional, Pesqueira possuía importantes escolas das primeiras letras, com reconhecidos professores e professoras. Mais tarde era a vez do Ginásio Diocesano, depois do Cristo Rei, do Dorotéia, do Seminário (formação de padres), não podendo jamais ser esquecido o Grupo Rui Barbosa, pela sua importância na formação de tantos pesqueirenses. Lá adiante, na visão extraordinária de Luiz de Oliveira Neves, a instalação do Ginásio Comercial Municipal de Pesqueira, que depois foi elevado ao grau de Colégio, capitaneado pelo professor Paulo de Oliveira Melo. Pesqueira crescia e crescia!
No campo cultural Pesqueira sempre teve uma imprensa respeitada, um ensino respeitado, uma cultura reconhecida, em todos os sentidos. Seus teatros, seus corais (homenageando aqui o Professor e compositor Nelson Valença), os seus clubes lítero-recreativos. Suas bandas musicais, suas orquestras e conjuntos musicais. Pesqueira do “Uirapuru” - (um dos primeiros conjuntos musicais do Nordeste, formado só por mulheres, com a maestria da saudosa Irmã Gazinelli, do Colégio Santa Dorotéia). Pesqueira de suas bandas marciais (homenageando aqui o maestro Padre Siqueira). Pesqueira de suas mais efetivas tradições: Festa de Santa Águeda; Carnaval; São João e São Pedro; do desfile cívico de 7 de setembro; Festas de Natal e Ano Novo; Pesqueira de tantos e tantos escritores. Pesqueira crescia e crescia!
Pesqueira, sede de coletorias federal e estadual; da Agência do IBGE; do Tiro de Guerra; do Banco do Povo; da Cooperativa Agrícola; do belo edifício dos Correios e Telégrafos; Pesqueira dos seus cinemas; Pesqueira da Rádio Difusora (homenagem ao saudoso amigo Rossine Moura); do Posto de Puericultura (homenagem ao meu pediatra, o saudoso Dr. Carlito Pita Didier); Pesqueira, celeiro de bons professores, bons médicos e paramédicos; Pesqueira do Hospital Dr. Lídio Paraíba, no qual não faltavam médicos e possuía um atendimento humanista, efetivo e competente; Pesqueira, do homem simples, do trabalhador rural (do homem e da mulher do campo), do trabalhador da cidade, do operário e da operária das fábricas. Pesqueira crescia e crescia!
Pesqueira de seus tantos bueiros, jogando o vapor das caldeiras e exalando o cheiro do tomate e da goiaba. Pesqueira das sirenes dos cinemas, anunciando o início das projeções cinematográficas (homenagem aqui ao saudoso ator Lenildo Martins); das sirenes das fábricas, chamando todos ao trabalho; Pesqueira do colorido itinerante dos macacões dos nossos operários e operárias, dos estudantes do Cristo Rei, com as suas fardas em caqui, ou do azul marinho das saias plissadas e blusas brancas das nossas eternas normalistas, ou, ainda, das batinas pretas dos nossos seminaristas. Pesqueira crescia e crescia!
Foi assim que Pesqueira cresceu. Cimbres passou a ser o passado nobre da nossa terra querida, tendo sido berço da civilização dos pesqueirenses todos e dos nossos índios Xucurus.
Quando o Capitão Mor Manoel José de Siqueira, com a sua visão de futuro criou a fazenda “Poço Pesqueiro”, não sabia que estava fixando o progresso de uma grande Cidade e dos seus principais distritos, mais tarde de uma região: Arcoverde, Poção, Sanharó, Alagoinha, entre outros municípios, etc. Hoje, é motivo de orgulho para Pesqueira e especialmente para o pesqueirense, poder saudar, nestes 132 anos de sua existência, o desenvolvimento de Alagoinha, Arcoverde, Poção e Sanharó, porque foi do coração de Pesqueira, foi da alma da Ororubá, melhor dizendo, foi desse chão tão fértil de cultura, desenvolvimento e tradições mil, que esses municípios nasceram para a gloria da nossa terra.
Vamos cantar parabéns? Sim, vamos cantar parabéns para Pesqueira! Pesqueira merece! Mas, que presente lhe dá? Pesqueira merece todos os presentes, tais como: Respeito à sua história; cuidados com as suas praças, ruas, avenidas, travessas, becos e vielas; menos buracos nas calçadas; mais trabalho e menos política, por parte dos atuais gestores; mais luzes na Cidade e menos holofotes para os políticos; seriedade com a aplicação do dinheiro público (dinheiro do povo); pelo fim do nepotismo, e mais emprego para o seu povo; seriedade e transparência com as licitações; mais reconhecimento ao trabalho dos professores e professoras, com salários justos, também, aos demais funcionários públicos; menos perseguição para com os funcionários públicos; mais gestão com legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (art. 37 da CF); menos apadrinhamento com os “errados” da gestão; mais atenção para com o Hospital Lídio Paraíba; mais respeito ao povo pesqueirense, em todos os sentidos; mais água, nas torneiras; mais segurança para a população; mais qualidade de ensino nas escolas; mais qualidade na merenda escolar; menos lixo nas ruas; mais cuidados com a sua biblioteca; menos processos na Justiça; menos processos nos Tribunais de Contas; fim dos crimes de improbidade administrativa; mais médicos para atender a população; o direito das nossas crianças nascerem em Pesqueira; adequado tratamento da água; mais eficiência com as obras públicas; uma feira livre de verdade, organizada, higiênica; menos festas e mais trabalho; açougue e matadouro público com limpeza e qualidade; fim dos privilégios na distribuição de placas vermelhas, respeitando assim os profissionais de táxi.
Vejam quantos presentes que a administração municipal que está aí pode dá à Pesqueira. Basta fazer obras com eficiência e decência; Basta administrar a prefeitura e os seus recursos com moralidade, tratando todos com imparcialidade, mas, sobretudo, dando transparência aos atos públicos, mostrando as contas públicas aos pesqueirense, ou seja, o que vem sendo feito com o seu dinheiro.
Sim, vamos cantar parabéns! Vamos pedir a Deus que nos ajude a mudar essa desastrosa administração e essa Câmara que nada faz. Pesqueira, merece o melhor! Parabéns, Pesqueira! Parabéns, pesqueirenses! Parabéns aos nossos conterrâneos que vivem fora da terrinha, homenageando a todos, na pessoa do nosso querido MARCOS MACENA, que deixou a UTI e vai voltar logo mais ao convívio de seus familiares, de seus amigos, e de sua Terra Pesqueira! Viva Pesqueira! Viva20 de abril de 2012.
Jurandir Carmelo (pesqueirense, jornalista e advogado)
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